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Marcelo Zero

É sociólogo, especialista em Relações Internacionais e assessor da liderança do PT no Senado

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Territórios por Paz

"A paz é sempre melhor negócio que a guerra", enfatiza Marcelo Zero sobre a crise na Ucrânia.

Vladimir Putin, guerra na Ucrânia, Planeta e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), liderada pelos EUA (Foto: Reuters)
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Parece que já está claro para todo o mundo. A guerra na Ucrânia só se resolverá se Kiev e a Otan aceitarem negociar um acordo e fizerem concessões, inclusive territoriais, a Moscou. 

No dia 15 deste mês, Stian Jenssen, principal assessor e chefe de gabinete do secretário-geral da Otan, afirmou que: acho que uma solução (para a guerra) poderia ser a Ucrânia desistir do território e obter a adesão à Otan em troca”. 

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Tal declaração não foi feita, é claro, gratuitamente ou por mero descuido. Até mesmo a Otan parece hoje considerar que não haverá vitória militar para Ucrânia, mesmo com todo o apoio recente.

Há poucos dias, Sarkozy, um político conservador e influente, sugeriu que a saída para a guerra seria a convocação de novos referendos em territórios ocupados pela Rússia.

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Disse ele, ao Le Figaro, que: "os ucranianos querem reconquistar o que lhes foi injustamente tirado. Mas se não conseguirem fazê-lo, a escolha será entre um conflito congelado ou referendos estritamente supervisionados pela comunidade internacional". 

Especificamente sobre a Crimeia, anexada em 2014, Sarkozy definiu o desejo dos ucranianos de retomá-la de “ilusão” e apontou que "um referendo incontestável será necessário para solidificar o atual estado das coisas".

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Obviamente, essas declarações reiteradas provocaram a ira de Zelensky, que insiste na necessidade de a Ucrânia retomar todo o seu território pré-2014, mesmo aqueles que têm maioria de russos. Zelensky tachou os argumentos do ex-líder francês de "fantástica lógica criminosa".

Trata-se de uma declaração agressiva e grandiloquente. Contudo, essa não parece ser uma posição realista.

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A tão comentada contraofensiva ucraniana, que expulsaria os russos em direção às fronteiras anteriores, não produziu resultado significativo algum e só provocou um grande número de vítimas, entre as forças ucranianas. 

Os russos, bem entrincheirados, cercados por campos minados e protegidos por forte artilharia e força área, estão resistindo sem maiores problemas, até agora, à ofensiva concebida pela Otan. 

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Segundo a ABC News, que entrevistou mercenários norte-americanos que teriam participado da contraofensiva, cerca de 80% dos integrantes das unidades militares ucranianas que foram à frente de batalha teriam sido mortos ou feridos. Os bielorrussos falam em 45 mil mortos ucranianos, um número contestável, claro, mas que não deve estar longe da realidade.  

Enfim, é uma chacina inútil.

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A tendência é que as posições no campo de batalha se mantenham sem grandes alterações. Ou seja, a Rússia poderia manter o controle de 20% do território ucraniano, inclusive a Crimeia e o Donbass, sem maiores sacrifícios e por um período longo de tempo. 

Especula-se, inclusive, que esse fracasso poderia facilitar um contra-ataque russo, dada à fragilidade das posições atuais da Ucrânia e ao desgaste de suas forças.

Como o Kosovo, que se declarou independente por meio de um referendo ilegal, condenado pela ONU, mas recebido entusiasticamente pelos EUA e por boa parte da Europa, a Crimeia e à região do Donbass também realizaram referendos para se incorporar à Rússia. São regiões nas quais predominam russos étnicos. 

Assim, a ideia de Sarkozy de realizar novos referendos sob estrita supervisão internacional parece ser um caminho viável com vistas a contribuir para o fim das hostilidades.

Sarkozy também defendeu algo óbvio. A Ucrânia tem de ser um país neutro; ou seja, não integrar Otan, a aliança militar ocidental liderada pelos EUA. 

Asseverou ele, com razão, que a Rússia é vizinha da Europa e continuará sendo. "Diplomacia, discussão e conversações continuam sendo a única maneira de encontrar uma solução aceitável. Nada é possível sem acordos."

É, aliás, o que a diplomacia brasileira vem buscando fazer, mesmo sendo criticada por apoiadores acríticos da Otan e por setores da mídia conservadora. 

Há um óbvio cansaço da guerra na América Latina, África, Europa e mesmo nos EUA. 

Afinal, trata-se de uma guerra que provoca altos custos de energia e alimentos e que é extremamente perigosa, pois ambas as partes (Otan e Rússia) têm armas nucleares. 

Não se pode colocar em perigo toda a humanidade por causa do orgulho do regime ucraniano e das ambições geopolíticas dos EUA e da Otan.

Em algum momento, as negociações e a racionalidade terão de prevalecer. 

Melhor ceder alguns territórios, cuja população majoritária é russa, do que se destruir. E a neutralidade da Ucrânia poderia desanuviar tudo.

A paz é sempre melhor negócio que a guerra. 

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